Portugal nos 36 anos do 28 de Maio, há 60 anos
Documentário: Progresso da vida nacional dos últimos 36 anos, 1962.
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Pré-publicado em 20/VI/2019.
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Documentário: Progresso da vida nacional dos últimos 36 anos, 1962.
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Pré-publicado em 20/VI/2019.
Ponte Salazar, Lisboa, ante 1974.
Portimagem, in Flickr.
O primeiro de Dezembro é o dia da Restauração. Bom, a Restauração ainda não é propriamente uma história que o tempo apagou. Mas já pouco falta para isso…
A frase foi proferida há 25 anos; transcrevi-a ontem como chamada ao programa do Prof. José Hermano Saraiva no verbete Restauração. O Prof. Hermano Saraiva ensinou, então, em 25 minutinhos a Restauração. Apesar do intróito, de não ser ainda uma história que o tempo apagou, sendo que admitia já pouco faltar, acaba ele solenemente a lição dizendo: — Bom! E é por isso que continua a ser feriado hoje a data do primeiro de Dezembro.
Muito pouco faltava, realmente.
Recordo ao benévolo leitor o que aconteceu ao feriado do primeiro de Dezembro nos anos que se seguiram à 3.ª bancarrota desde… 1928.
E com isto, do primeiro de Dezembro de 2019 tira-se:
Na Rádio [do] Observador, as notícias às 0h00 (música épica; locução — edição, dizem eles — de João Cruz): 1.ª notícia — Boa noite! Portugal está na final do (campeonato) mundial de futebol de praia… (futebol de praia, lestes bem); 2.ª notícia — O Benfica goleou o Marítimo por quatro a zero no estádio da Luz…; 3.ª — Portugal está no grupo da França e da Alemanha para o campeonato europeu de futebol…
O Benfica entende-se. O futebol também, claro! Mas Portugal?!… Como entendê-lo?!! É algum país?! É alguma coisa?!
Cerimónia comemorativa da implantação da república (sic), S.I.C. – Notícias, 1/XII/2019.
Fotograma de Pedro Nogueira, in «Como uma praga».
Comemoraram-se os 300 anos da Restauração. Não se haverão de comemorar os 400.
O primeiro de Dezembro é o dia da Restauração. Bom, a Restauração ainda não é propriamente uma história que o tempo apagou. Mas já pouco falta para isso…
José Hermano Saraiva, Restauração.
(Histórias que o Tempo Apagou, R.T.P. 2, 2/XII/1994.)
A Baixa de Lisboa pelo Natal, Rua do Ouro, c. 1940.
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.
Assim se deveria dizer. Como se dantes dizia e diz «máquinas sínger» ou «laca sunessilque».
Isto se fosse por assimilação natural.
Porém, como blaque fridai é afrontosamente como o haloíno, vamos lá com blaque fridai como que por desprezo. — O O'servador (o «b» deste pasquim entendo que é consoante muda; omite-se) resolveu até educar-nos na rica história da cultura amaricana. Para decerto não morrermos nós, consumidores, num apagado e vil vazio de História em Portugal.
Blaque fridai, fo… rça! (Doutra maneira não se pode dizer «preta»…)
Guife do O-bzz-bzzz-ervador.
José Quintela, «A Farsa de Gaza», in Observador, 26/XI/19.
Um estaminé ao pontapé, Livre partido, 2019.
Modelo em madeira do B747 CS-TJB, «Brasil», da T.A.P. — Transportes Aéreos Portugueses (col. particular) — © MMIXX
Housing First não é só um título em bom português duma coisa qualquer. Nem é uma coisa qualquer. É todo um programa, concebido por finlandeses para de acabar com os vagabundos, vadios, indigentes, mendigos, pedintes, pobres, dementes ao deus-dará ou simples desvalidos desabrigados espalhados pelas ruas de Helsínquia.
Ah! E baptizado por eles, finlandeses, com um belo nome amaricano! (Como parecem portugueses!)
Vê-se a coisa agora por cá.
Por conseguinte, não só passámos — nós, os da pátria de Camões — do bárbaro homeless ao anglicismo sem-abrigo — uma espécie de omelesse sem ovos à portuguesa, que é a clássica luso-aculturação ao amaricano com arrimo lusitanizante. — Não só passámos disto que disse, como parámos por estas bandas completamente de querer pensar. Com boa vontade, se não desligámos já definitivamente o cérebro, podemos entender que dar um cunho nosso à Hous… coisa é decalcarmos (=copy/paste) todo o programa dos finlandeses e escarrapachá-lo solenemente na folha de couve Oficial do Governo como Resolução do Conselho de Ministros n.º 50-A/2018, com o pomposo sumário: Aprova o sentido estratégico, objectivos e instrumentos de actuação para uma Nova Geração de Políticas de Habitação (com ortografia assaz mutilada, como calculais). Lá pelo meio do despacho ou decreto ou o raio que é uma Resolução do Conselho de Ministros, pode ler ver-se Housing uma data de vezes. Chic a valer!
Assim posta a coisa, mais parece que foi um Governo do dr. Ant.º Costa que engendrou o programa, o título, e tudo, hem! — Ora adeus ó finlandeses!… Adeus ó sem abrigos!
Nota final. Pode parecer bem, mal, ou estúpido descaso, o Correio da Manha (isso mesmo) grafar tecto a par de projêto, mas não se engane o benévolo leitor. O jornalista redigiu mesmo o título cacográfico Lisboa quer dar teto a todos os sem-abrigo. Mas ao depois, o director lá, o Otávio (isso mesmo), olhou para aquilo, leu mentalmente em voz alta e olha!… Fez ao Acordo o Ortográfico que adutou lá no jornal o mesmo que outro também fez ao segredo de justiça.
(Devo a notícia do Correio coiso e o mote do barbaresco Housing Fresta, ou isso, ao meu prezado amigo D.C.)
Como a técnica muda as coisas (ou não muda nada)! — Selfie vai, selfie vem, de toda parte a… — Ora bem!…
José Hermano Saraiva, A cidade da História.
(Horizontes da Memória, R.T.P., 23/XI/1997.)