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Bic Laranja

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01
Dez19

«Cerimónia comemorativa da implantação da república (sic)», S.I.C. – Notícias

O primeiro de Dezembro é o dia da Restauração. Bom, a Restauração ainda não é propriamente uma história que o tempo apagou. Mas já pouco falta para isso…

 A frase foi proferida há 25 anos; transcrevi-a ontem como chamada ao programa do Prof. José Hermano Saraiva no verbete Restauração. O Prof. Hermano Saraiva ensinou, então, em 25 minutinhos a Restauração. Apesar do intróito, de não ser ainda uma história que o tempo apagou, sendo que admitia já pouco faltar, acaba ele solenemente a lição dizendo: — Bom! E é por isso que continua a ser feriado hoje a data do primeiro de Dezembro.

 Muito pouco faltava, realmente.

 Recordo ao benévolo leitor o que aconteceu ao feriado do primeiro de Dezembro nos anos que se seguiram à 3.ª bancarrota desde… 1928.

 E com isto, do primeiro de Dezembro de 2019 tira-se:

 Na Rádio [do] Observador, as notícias às 0h00 (música épica; locução — edição, dizem eles — de João Cruz): 1.ª notícia — Boa noite! Portugal está na final do (campeonato) mundial de futebol de praia… (futebol de praia, lestes bem); 2.ª notícia — O Benfica goleou o Marítimo por quatro a zero no estádio da Luz…; 3.ª — Portugal está no grupo da França e da Alemanha para o campeonato europeu de futebol…

 O Benfica entende-se. O futebol também, claro! Mas Portugal?!… Como entendê-lo?!! É algum país?! É alguma coisa?!

Cerimónia comemorativa da implantação da república (sic), S.I.C. – Notícias, 1/XII/2019.
Cerimónia comemorativa da implantação da república (sic), S.I.C. – Notícias, 1/XII/2019.
Fotograma de Pedro Nogueira, in «Como uma praga».

 Comemoraram-se os 300 anos da Restauração. Não se haverão de comemorar os 400.

01
Dez19

Restauração

 O primeiro de Dezembro é o dia da Restauração. Bom, a Restauração ainda não é propriamente uma história que o tempo apagou. Mas já pouco falta para isso…


José Hermano Saraiva, Restauração.
(Histórias que o Tempo Apagou, R.T.P. 2, 2/XII/1994.)

30
Nov19

Advento das comprinhas

A Baixa na época de Natal, Rua do Ouro (J. Benoliel, 1939-46)
A Baixa de Lisboa pelo Natal, Rua do Ouro, c. 1940.
Judah Benoliel, in archivo photographico da C.M.L.

28
Nov19

Blaque fridai

 Assim se deveria dizer. Como se dantes dizia e diz «máquinas sínger» ou «laca sunessilque».
 Isto se fosse por assimilação natural.
 Porém, como blaque fridai é afrontosamente como o haloíno, vamos lá com blaque fridai como que por desprezo. — O O'servador (o «b» deste pasquim entendo que é consoante muda; omite-se) resolveu até educar-nos na rica história da cultura amaricana. Para decerto não morrermos nós, consumidores, num apagado e vil vazio de História em Portugal.
 Blaque fridai, fo… rça! (Doutra maneira não se pode dizer «preta»…)

Blaque fridai, fo…!
Guife do O-bzz-bzzz-ervador.

27
Nov19

Humor afiado

25
Nov19

Housing First — Lisboa quer dar têt' a todos sem abrigo

Rogério Chambel, «Lisboa quer dar tecto a todos os sem-abrigo», Correio da Manhã, 25/XI/19

  Housing First não é só um título em bom português duma coisa qualquer. Nem é uma coisa qualquer. É todo um programa, concebido por finlandeses para de acabar com os vagabundos, vadios, indigentes, mendigos, pedintes, pobres, dementes ao deus-dará ou simples desvalidos desabrigados espalhados pelas ruas de Helsínquia.

 Ah! E baptizado por eles, finlandeses, com um belo nome amaricano! (Como parecem portugueses!)

 Vê-se a coisa agora por cá.

 Por conseguinte, não só passámos — nós, os da pátria de Camões — do bárbaro homeless ao anglicismo sem-abrigo — uma espécie de omelesse sem ovos à portuguesa, que é a clássica luso-aculturação ao amaricano com arrimo lusitanizante. — Não só passámos disto que disse, como parámos por estas bandas completamente de querer pensar. Com boa vontade, se não desligámos já definitivamente o cérebro, podemos entender que dar um cunho nosso à Hous… coisa é decalcarmos (=copy/paste) todo o programa dos finlandeses e escarrapachá-lo solenemente na folha de couve Oficial do Governo como Resolução do Conselho de Ministros n.º 50-A/2018, com o pomposo sumário: Aprova o sentido estratégico, objectivos e instrumentos de actuação para uma Nova Geração de Políticas de Habitação (com ortografia assaz mutilada, como calculais). Lá pelo meio do despacho ou decreto ou o raio que é uma Resolução do Conselho de Ministros, pode ler ver-se Housing uma data de vezes. Chic a valer!

 Assim posta a coisa, mais parece que foi um Governo do dr. Ant.º Costa que engendrou o programa, o título, e tudo, hem! — Ora adeus ó finlandeses!… Adeus ó sem abrigos!

 Nota final. Pode parecer bem, mal, ou estúpido descaso, o Correio da Manha (isso mesmo) grafar tecto a par de projêto, mas não se engane o benévolo leitor. O jornalista redigiu mesmo o título cacográfico Lisboa quer dar teto a todos os sem-abrigo. Mas ao depois, o director lá, o Otávio (isso mesmo), olhou para aquilo, leu mentalmente em voz alta e olha!… Fez ao Acordo o Ortográfico que adutou lá no jornal o mesmo que outro também fez ao segredo de justiça.

(Devo a notícia do Correio coiso e o mote do barbaresco Housing Fresta, ou isso, ao meu prezado amigo D.C.)