![Estrada de Sacavém, Portela (Fototipia animada: original de E. Portugal, 1938) Estrada de Sacavém, Portela (Fototipia animada: original de E. Portugal, 1938)]()
Estrada de Sacavém, Portela, 1938.
Fototipia animada de original de Eduardo Portugal, in archivo photographico da C.M.L.
Esta era a panorâmica do lugar. Da perspectiva cartográfica, pela mesma época, dei conta há pouco (algum) tempo, entre considerações mais ou menos curiosas de toponímia migrante (ia dizer itinerante, mas migrante é um vocábulo tão, tão em voga que me rendi a usá-lo).
Mas, donde se alcança isto?
O benévolo leitor que suba do Relógio à praça das partidas do aeroporto, tanto que aí chegue e consiga uma panorâmica para NNE, no sentido de Sacavém, logo achará. Além na estrada por onde segue a carroça do leiteiro é por onde se espraia a praça das chegadas num socalco abaixo das partidas. À esquerda da estrada entre muros, o casarão meio pardo de que sobressai a fachada é o palácio Benagazil, casa da quinta do Polycarpo Machado. Ainda lá está. Foi há pouco restaurada, ou pelo menos pintada por fora. Acha-se assim de pé, mas agora muito perdida no meio dos edifícios da Autoridade [?] Nacional da Aeronáutica Civil, dos Aeroportos de Portugal da Vinci e mais que haja, que vieram a apinhar este lugar da Portela de Sacavém. Ou do Humberto Delgado…
Seguindo por diante, as primeiras casas à direita, a par da estrada, eram da quinta do Caldas. — Aliás, todas estas terras daqui lá, desse lado do muro, incluída a torrinha ali à direita, eram terras do Caldas. Não sei quem haja sido o Caldas. Quiçá algum parente do Humberto Delgado…
Mais ao longe avista o benévolo leitor outra casa meia encoberta por uma grande árvore. Essa casinha mais as maiores que sobressaem à sua direita no mesmo plano eram da quinta da Trindade, que se estendia até ao arvoredo que lhe remata o horizonte. Do arvoredo para lá há um conhecido organismo ligado ao mar e à atmosfera, mas, naquele tempo em que à terra também se dava importância, era a quinta do Morgado.
A quinta da Trindade, propriamente, deu em NAV Portugal, que dantes tratava do controlo de tráfego aéreo sob a Direcção-Geral da Aeronáutica Civil — organismo do Estado português — e agora trata do mesmo sob o Eurocontrol…
Quando esta quinta ainda era meramente da Trindade não confrontava ela directamente pelo lado de cá (sul) com a quinta do Caldas. Entre ambas corria a estrada do Poço dos Trapos que levava aos Olivais. Está encoberta esta estrada na panorâmica aí acima, mas há uns fotogramas seus, fugazes, na Lisboa de Hoje e de Amanhã, de António Lopes Ribeiro, mostrando o ponto exacto em que entroncava na estrada de Sacavém (v. 14'28"-14'50" onde um táxi vira da Estr. do Poço dos Trapos para a Estr. de Sacavém, vindo dos Olivais, caminho da Portela de Sacavém; não sei se não viria nele, no táxi, o Humberto Delgado…)
E bom! A Portela de Sacavém, no termo de Lisboa, era como a vemos, dês do ponto em que se encontravam a Estrada de Sacavém, que segue para lá, e a Estrada da Portela de Sacavém, que vinha do Pote de Água.
Neste exacto lugar fizeram, pois, um humbertoporto. Saiu um tanto delgado para tão grandioso nome, mas o que importa não é a História, é a história que se quer contar.
![Quinta do Caldas, Portela (Fototipia animada: original de E. Portugal, 1938) Quinta do Caldas, Portela (Fototipia animada: original de E. Portugal, 1938)]()
Solar do Caldas (tardoz, virado a sul), Portela de Sacavém, 1938.
Fototipia animada de original de Eduardo Portugal, in archivo photographico da C.M.L.
![Portela de Sacavém (Fototipia animada: original de E. Portugal, 1938) Portela de Sacavém (Fototipia animada: original de E. Portugal, 1938)]()
Estrada da Portela, Portela de Sacavém, 1938.
Fototipia animada de original de Eduardo Portugal, in archivo photographico da C.M.L.