Do abuso: Bicharas, mentiras e jornais...
(Fotomontagem de artigos de limpeza com artigo de jornal, I, 12/4/2011.)
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Este Bichara é uma cavalgadura. A Lusa, a R.T.P. e os jornais (salvo honrosas excepções) não lhe ficam atrás.
Portugal «abusa» das consoantes mudas? Pois o Brasil abusa do pretoguês; o Bichara abusa do descaro; e os jornais abusam da «voz do dono»
Perguntem aí esses jornalistas à jorna ao Bichara o que faz afinal uma dessas abusadas consoantes que diz ele que é «muda» (será decerto surdo) e «inarticulada» no novo Vocabulário brasileiro (cf. «Adoptar, verbo transitivo»).
Perguntem-lhe lá se sabe ele o que é o valor diacrítico das consoantes etimológicas. Se não, que consulte Gonçalves Viana, Ortografia Nacional; Simplificação e Uniformização das Ortografias Portuguesas, Livraria da Viúva Tavares Cardoso, Lisboa, p. 72 e ss. Ou se lhe custar menos que atenda ao Houaiss.
Perguntem-lhe se a cedência de Portugal à grafia brasileira até nas maiúsculas dos nomes dos meses e das estações do ano é irreal, se não conta, ou se não demonstra quem cede a quem. Perguntem-lhe à luz disso, se o freguês não estiver ainda cego pelas consoantes «mudas», se vê nas duplas grafias de «húmido/úmido», «amámos/amamos» o Brasil ceder uma migalha que seja ao Português do cânone.
Digam os srs. jornalistas à besta do Bichara que todos os acentos por que choraminga pode o Brasil ficar com eles (e a ver vamos se não fica), embora nem um só faça grande falta ou baralhe a leitura, salvo o do verbo parar («pára» vs. preposição «para»; uma invencionice bicharo-malakenha, ao cabo e ao resto). O Brasil não cedeu em nenhum dos acentos realmente importantes, os de marcação tónica - e não fónica - do Acordo de 45 (Bases XVII e XIX; os das esdrúxulas, falsas esdrúxulas e agudas como «cómodo/cômodo», «António/Antônio» e «bebé/bebê»).
O Brasil cedeu no trema, só no trema, e apenas no trema porque o trema é uma ninharia. Além de que é coisa de bárbaros, tal como escrever ato, ator e ação. Portugal (ou antes, o Malaka) vergou-se em 90 a tudo o que o Brasil repudiou em 45, e pretende-se com a proeza - está à vista - que Portugal (que ainda é quem conta) seja moço de frete para carregar Angola e Moçambique para o português brasileiro.
Ignóbil! E ninguém grita - «Colonialismo! Colonialismo!», pá?!...
Fiquem-se com esta e vão lá, srs. jornalistas, perguntar a final de contas ao arvorado Bichara e ao seu impedido Malaka que «grupo de países tem um peso que antes não tinha»? - Talvez São Tomé e Cabo Verde, que ratificaram o 2º protocolo modificativo atirando com o aborto aos queixos de Portugal... - Terá Portugal menos dignidade que nações rassabiadas com a História? Ora o Brasil, a ovelha ronhosa do Português, fala agora por nações soberanas onde o idioma não tem nem nunca teve questão?!... Vale o brasileiro; anda-se de cavalo para burro, como os do saco de plástico.
Pois bem, o que isto é está à vista. Os srs. jornalistas - os à jorna e os mais que isso -, respectivos chefes de redacção e competentes directores fazem muito eco de democracias, de liberdadezinha de expressão, de contraditórios, &c. e só pespegam aos leitores com a propaganda dos do aborto gráfico. Contra, parece que não há ninguém senão o Graça Moura em dias ímpares e em certas fases da Lua. O Facebook vai a caminho das 120.000 pessoas contra o acordo - talvez 25% dos portugueses registados na tal «rede social», como gostam os jornalistas de chamar àquele domínio rádio-eléctrico. Pois nenhum jornal faz do caso notícia!
Os deputados à Assembleia votaram quase por unamimidade o aborto gráfico e, da nação que os mandatou e lhes paga o ordenado, não oiço ninguém, nem uma pessoa (ou cidadão, como arrotam tanto os políticos), a favor do desconchavado "acordo". - Desacordo em toda a linha, portanto: os deputados não ouvem a nação. Pontapé no cu!
Uma Iniciativa Legislativa de Cidadãos, acto raro de exercício de cidadania e de direitos cívicos pela nação portuguesa só por si seria notícia. Pois com uma proposta de Lei concreta já redigida, com recolha de assinaturas em curso para aquela ser submetida à votação da Assembleia e o que temos é isto: uma imprensa de Bicharas e Malakas. Pff!
(Texto revisto às 11h00 de 13 de Abril.)